As paredes tinham um aspecto amorfo, já não ouviam tambores que abalassem suas estruturas barrocas. Os vendedores ambulantes, transeuntes, os vagabundos e as putas pareciam imersos no tédio, submersos em pensamentos vazios, não havia preocupação e fazia um mormaço de dar sono a uma coruja. Os gatos de rua pareciam não se importar com marasmo, era de praxe e prazer viver assim para eles. Os cachorros faziam o mesmo que os homens, apenas andavam em busca do que fazer. Os cabelos tinham pentes fincados e as mãos possuíam uma espécie de xícara improvisada com um pouco de café preto.
As pessoas não sorriam umas para as outras. Não havia motivo, não havia interesse. E nem se houvesse, sorririam. No comércio, a lei da propaganda da imagem tanto fazia existir ou não. Clientes e não-clientes eram tratados com o mesmo descaso. Se quisesse comprar que comprasse, se rebolasse adeus! Se pedisse desconto, saía xingado do recinto.
O colorido - verde, vermelho e amarelo - era desbotado, mas persistia. Um colorido sépia, contrastado pelo azul do céu. Na igreja principal, mendigos, como nos tempos de Cristo. Os fiéis atraem urubus, o que será que tem na cabeça dos fiéis?
Ouviu-se um tiro. Pombas voaram espantadas. Aquela praça de repente congelou. Estáticos, os homens e mulheres olharam-se assustados. Depois voltaram às suas rotinas, após uma pequena correria de policiais da área.
Era como se não valesse a pena, por uma vida, perturbar o tão conhecido ritmo e a cor daquela cidade.
2 comentários:
O que é isso? SP slow-motion?
Hard!
Gostei da imagens e do estilo.
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