domingo, 9 de maio de 2010

Leves arabescos!


Uma massa grossa saía do charuto fumegante. Chapéu e violão, parecia seu único companheiro de longas datas e revoluções.

Sempre almejei demais na minha vida, talvez por isso vivo confusa com o que quero, onde, quando e... porquê?

Sua música parava de instante em instante provocando uma interrupção de seqüências lindíssimas de braços e ombros e também uma profunda irritação.

Piano. Doce, repetitivo, cadenciado, subia e descia entre os quadris e o peito. Concentração no instrumento e nas notas que pairavam entre seus dedos. Os pés salteavam o vento, embaixo dos cobertores.

Queria morrer disso, num instante pensei. Viver disso me parece distante, talvez eu tenha passado da idade. E se eu guardar bastante dinheiro e montar uma escola de artes? Preciso de um público fiel, preciso de profissionais qualificados, preciso me qualificar. Vou envelhecer logo.

Agora voam junto com os cabelos as flores e penduricalhos a parear com o vestido rodado de estampa latina. Luzes claras, mas não quentes. Branca, negro, vermelho.