domingo, 30 de setembro de 2007

Zé Ramalho brilha à luz do luar baiano

Não ouvi Mistérios da Meia Noite. Não ouvi A dança das Borboletas. Mas comprei meu ingresso por oito reais na frente da Concha Acústica para o tão esperado show de Zé Ramalho, com abertura da banda O Círculo (Os cambistas estavam vendendo por até 75 Reais, os ingressos se esgotaram num instante. Um casal quis me matar porque comprei na frente deles o ingresso). O Gótico do Sertão está semi-idoso, mas continua arrebentando na impostação. Em cima do seu retangular tapete, com um violão dependurado, vestido de maneira simplória (de preto, lógico) e sem extravagâncias de performance, o paraibano primo de Elba pôs a Concha abaixo com seus clássicos comunistas como "Vida de Gado" e ainda entoou "Pra não dizer que não falei de flores" de Geraldo Vandré.

Em seguida, uma parada no Acarajé da Dinha para ver o movimento. Muita gente, nenhuma mesa, péssimo atendimento e uma bandinha com marcha de carnaval tocando nas proximidades que parecia salvar o ambiente. Atravessei o largo para comprar cigarros e avistei quatro travestis deslumbrantes, aos quais fiz questão de saudar com um sonoro "uau, que lindas!", ao que responderam "Obrigada!" Eram atores da peça "Os Bastidores", que começava à meia noite daquele dia, que estavam na luta da divulgação.

Resumindo, a noite acabou numa festa chamada "e'moviment'e A FESTA". Caramba, completamente vazia naquele mundo de meu Deus que é o Museu du Ritmo, antigo Mercado do Ouro, que estava LINDO. Uns gatos pingados heteros, com os quais só tive contato 2 minutos antes de ir embora, porque estava fugindo de uma bichinha histérica. Mas, devo dizer, apesar de desesperados, os organizadores da festa estavam muito presentes e solícitos, educados e gentis! :)
Como é a primeira festa dos caras, vamos desejar um pouco mais de sorte (e menos espaço) para a próxima.



Ps: O círculo é "bandinha malhação".

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Protesto contra a MTV



O que eles pensam que são para ser a única opção para jovens do canal aberto? Minha idade não comporta certos conservadorismos, mas as coisas estão insuportavelmente fúteis e banais, manjadas e sem graça.

Um bando de mulher magra, algumas com bocas gigantescas fazendo jus ao nome do próprio programa que apresenta, parecendo um sapinho, ditando moda entre as mocinhas, fazendo-as vomitar o que comem para serem modelos, fazendo-as vestir coisinhas coloridas para se inserirem em determinado grupo com determinada denominação também ditada por essa emissora.

Que negócio chato isso de “emo”, de gritinhos eufóricos de saudação, bandinhas “pura-imagem” bombando na internet, gente “cult” cheia de verdades, gente sem a mínima graça fazendo zombaria de quem quer que seja. O pior são aquelas vinhetas sem pé nem cabeça, acho que pensam que isso é arte gráfica. Pensam que é algo conceitual. Propagandas de faculdades particulares cheias de atrativos e gente bonitinha nos laboratórios. Não, não dá mais.

E eu que pensei que novelas com finais previsíveis fosse o cúmulo. Mas não há nada mais previsível do que a MTV, que chega ao ponto de fazer um remake dos antigos “namoro na TV” com uma roupagem mais safadinha. Às vezes se tem a impressão de que o que é bom faz efeito, repercute, vira febre, mas os efeitos da política de Bush, por exemplo, estão alastradas mundo afora e não têm nada de positivo. Assim é com a televisão. É o que ocorre com os modismos determinados pela MTV.

Quando decidiram colocar um programa bonzinho para debates, trocaram o apresentador por um ser quase sem cérebro de tanto álcool e droga para ser mediador de opiniões sobre temas de abordagem social. Uau, quanto conteúdo. Que gente esperta. Como se não bastasse repetição das vinhetas, haja repetição de videoclipes. Opa! Chegamos à dita essência da emissora: videoclipes! Tsc tsc tsc... Tenta ter uma banda e colocar o seu videoclipe lá. Faz essa tentativa sem conhecer algum paulistano cool de lá de dentro. Não vai não, benzinho, não vai. E não adianta ser audiência para aquele site confuso e tentar uma ponta num desses programas que a “VJ” fica conversando bobagem e brincando na Internet no ar que dali não sai.

Bom, da televisão brasileira não se espera muita coisa, o mesmo se diz da nossa juventude extraviada, não pelas drogas, não pelo álcool, não pelo cigarro, isso é velho e é atual, isso é problema individual. Mas pela falta de criticidade e coesão. E eu já cansei de tentar achar um sentido para a união dos seus poderes, terra, fogo, água e coração (capitão planeta já previa o efeito estufa). A diversidade é um fator determinante para a discriminação propagada por essas emissoras de ditadores da imbecilidade. São ditadores até pra mandar ler um livro, com aquela tela preta idiota. E o pior é que tem gente que só lê porque a MTV mandou.