segunda-feira, 4 de abril de 2011

Caixa de Mensagem (vazia)


É uma da manhã, está quente e meu corpo responde a medicamentos simples com alguma antipatia. Não estou bem. Sinto uma terrível sensação de coisas perdidas. Sinto que perdi coisas que não se pode perder, como admiração por mim mesma. Atualizo sites de relacionamento procurando distração. Apago e leio antigos e-mails. Profundos, épocas conturbadas. Preservo aqueles que sei que vou querer ler um dia. Tenho mania de recordações. Recordar coisas boas e coisas ruins. Recordar, coisas ruins, infelizmente, me parece inevitável. Trago à tona essas coisas de vez em quando. Para mim mesma ou para quem estiver próximo. Recordo-me de coisas que ninguém imagina e guardo como se meu peito fosse um baú velho, bem fundo, onde as coisas perdidas um dia serão fatalmente encontradas. Como se fosse uma caixa de e-mails antigos. Gostaria de ter perdido coisas de que não quero recordar. Estou com o saco cheio de muitas coisas, muitas pessoas. Não vejo a hora de me retirar, sair de cena. As pessoas reclamam da minha ausência mas ela é necessária, querida, esperada. Por mim, principalmente. Queria dar um tempo de mim mesma, visualizar de fora o meu trabalho, os meus relacionamentos, o meu caminhar, o meu falar. E me deixar caminhar para um lado oposto de mim, para a puta que pariu! Quero estar distante na mesma intensidade de quando quero voltar, rever os amigos, a família e o namorado. Hoje circulei pelo Campo Grande, passei pelo café do teatro Castro Alves, aonde eu sentava e tomava sopa com meu amigo Franklin. Estou sentindo especial saudades dele agora. Ele costumava me definir em poucas palavras, seco, rápido e conciso. Mas acho que ele é incapaz disso agora, depois de uma faculdade de psicologia nas costas. Andei pelo Canela, onde eu estudava teatro, passei pela faculdade reformada, pelo gramado onde costumava sentar para decorar texto. Senti saudades do que fui e do que poderia ter sido, mas não reclamo do resultado. Não me arrependo dos meus erros. Revitalizei minhas energias numa aula de dança, me senti querida por mim, amei meu corpo pelo menos nesse instante. Óbvio que pensei em como estaria boa nisso se não tivesse parado tantas vezes mas foda-se! Nunca se é bom o bastante em nada nessa vida. Sinto falta de uma cabeça complacente e ao mesmo tempo escrota comigo como a minha, com quem eu possa dividir meus arquivos mais empoeirados.

Um comentário:

Anônimo disse...

Hello. And Bye.