segunda-feira, 6 de abril de 2009
Asas pra quê te quero.
Depois de bastante tempo, exatamente às 00:00 e escrevendo rápido para não adicionar um número a essa quadra de zeros, volto para escrever no meu blog.
O ultimo post eu escrevi no computador do check-in, no aeroporto, quando ainda era permitido o acesso à Internet... E bem, quando eu ainda trabalhava no aeroporto.
Faz um mês que eu recebi uma promoção! Fiquei, obviamente, e ainda estou muito feliz. Fui inidicada pelo gerente da minha base para fazer o processo seletivo do cargo de Comissária de Vôo (Hoje já não é Salvador a minha base! Agora o que chamo de base é o aeroporto de Viracopos - Campinas, para onde ele -o gerente- foi transferido depois de fazer um excelente trabalho em Salvador).
Vim contar minhas impressões da vida adulta. Voar é muito forte. Muito transformador, muito significativo. Voar é uma conquista, não é só um emprego.
Ir para longe. Era o verdadeiro motivo pelo qual eu decidi começar o curso de Comissária e voar. Eu queria ir para longe de casa (porque estava de castigo e não podia sair), ir para longe de ex-namorados (com os quais eu repugnava, mesmo que secretamente, qualquer contato), ir pra longe da Bahia e do teatro baiano, onde fracassei por força das circunstâncias (castigo) e abandonei o sonho de ser uma grande atriz. Queria ir pra longe desse sonho também. Eu queria ser feliz sozinha.
Voltando aos tempos de hoje, bem... muita coisa mudou, obviamente. Mas voar ainda é ir para longe e ao mesmo tempo que isso se mostra maravilhosamente pra mim, se mostra assustadoramente. Hoje eu tenho um namorado que eu amo. Hoje, tenho uma relação formidável com meus pais (exatamente por causa do vôo e do trabalho, que dignifica sim o homem). Hoje eu tenho a dança que me aproxima muito do amor que sinto pela arte de representar e de me movimentar. Mas ainda é latente a vontade de ser feliz. Não mais sozinha.
O medo de ficar sozinha só não me paralisa. E continuo seguindo, para ver no que vai dar.
Morei o primeiro mês com mais dois colegas (uma moça e um rapaz gay) num micro flat em São Paulo e foi um desastre. Não tivemos problemas, mas a presença deles pra mim era um problema. Provavelmente a recíproca era verdadeira, pois eu nem sempre estava tão sorridente e raramente estava inteirada dos assuntos que eles conversavam. Falavam muito dos "homens" em tom devorador. E irritantemente falavam dos Comandantes. Não, não sou púdica, moralista, tampouco lésbica. Só não estou nessa sintonia. Atestei que morar com alguém definitivamente não é minha intenção. E meus olhos brilham em saber que vou ter um apartamento só para mim!
Minha escala esse mês veio levíssima. Vou passar poucos dias vaiajando. Terei algumas semanas em casa. Mas o meu namorado agora trabalha e estuda. Nossos horários às vezes não batem. É chato se despedir.
Chegar em casa é muito bom. Eu sinto o cheiro do meu quarto. Estou sendo muito bem tratada em casa, tenho pouco tempo pra encher o saco. Minhas roupas são lavadas e passadas várias vezes com muito esmero com as ordens de minha mãe sempre atenta. Saímos pra fazer compras. E hoje, eu pago o lanche!
A vida adulta tem dessas delícias e dores. Estou cheia de expectativas. Receios? Sim, não vou negá-los. Medos não. Até porque essa palavra (medo) dá medo de ser um obstáculo. E agora nada deve me impedir de voar. E no que depende de mim, chegou a hora.
Seja lá do que for.
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